A simples notícia de que há um produto em promoção, uma queima de estoque ou venda de itens com avarias podem deixar alguns consumidores de olhos e orelhas em pé. Saldões como a Black Friday, que ocorrerá nas principais lojas físicas e virtuais nesta sexta-feira (25), são momentos perfeitos para economizar dinheiro e comprar tudo mais barato, de uma só vez. O problema é que, quando o consumo ocorre sem necessidade e num ritmo desenfreado, isso pode indicar um problema mais grave: a compulsão.
Segundo a psicanalista e diretora do NitidaMente Instituto, Shirley Moraes, quando uma pessoa passa a comprar para preencher vazios e para se sentir plena, é sinal de perigo. "É como se esses indivíduos buscassem, nestes itens, soluções para aliviar estresse, ansiedade e carências pessoais. Como o consumo normal e o compulsivo se dividem em uma linha muito tênue, é comum que as pessoas não consigam detectar facilmente o problema e demorem a procurar por ajuda", explica a especialista.
Na Black Friday, a atenção deve ser redobrada, já que os descontos tendem a atingir marcas de até 80%. Em meio a esse vendaval de promoções, Shirley dá algumas dicas, como pesquisar bastante os preços dos produtos antes de comprar, verificar se já não há outro item igual ou similar em casa em pleno funcionamento e limitar a quantidade de produtos adquiridos.
Um teste que pode ser útil nessa identificação, de acordo com Shirley, é tentar avaliar se o serviço ou produto é, de fato, necessário naquele momento, além de notar se aquele item era realmente importante ou supérfluo. "Buscar ajuda de terapeutas também é importante para avaliação e tratamento", conclui.
Você já deu bom dia para alguém e o ouviu responder: “só se for para você”?, ou “para mim, ainda deveria ser boa noite”? Pois é, quase todo mundo já teve uma experiência similar, porque o mau humor faz parte do dia a dia de muitas pessoas. Esta não é apenas uma questão de comportamento. Noite mal dormida, ressaca, fome, fator genético, fisiológico, stress, vários outros fatores podem ser causa do mau humor crônico.
É importante, contudo, ficar alerta ao fato de que, se esse “mau humor” que está relacionado, geralmente, com a irritabilidade, pessimismo, agressividade e/ou intolerância, permanece por muito tempo, podendo causar transtornos no âmbito profissional ou mesmo pessoal (pois, muitas vezes, até os familiares e amigos se afastam por não entenderem que este é um pedido de socorro de alguém que não está bem). Quando isso ocorre, pode ser sinal de depressão.
“Depressão?” Você pode perguntar, afirmando em seguida: “mas ele (a) nunca esteve triste!”. Pois é, a depressão não está ligada apenas à tristeza, mas, também, à irritabilidade e outros fatores. O que parece apenas um mau humor crônico, pode ser mais que isso. Segundo o DSM V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, alguns exemplos de sinais e sintomas do transtorno depressivo persistente, antes conhecido como distimia, são: apetite diminuído ou alimentação em excesso, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, baixa autoestima, concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões, sentimentos de desesperança.
Vale ressaltar que, tanto a tristeza, quanto a irritabilidade, são mecanismos de defesa natural e servem para alertar que algo não está bom, tornando-se patológico apenas quando nos causam os transtornos. Nesse caso, faz-se necessário procurar auxílio profissional psiquiátrico e psicológico. Há pessoas cujo “mau humor” é tamanho que, além de desagradável, a pessoa parece ser insensível. Depois de tantas informações, você pode me perguntar: existe algo que eu possa fazer para driblar o mau humor? E eu digo que sim. Se você tem alguém mau humorado do lado, não se deixe “contaminar”, nem se afaste da pessoa. Escute-a e observe se pode auxiliar com as dicas a seguir, ou sugerindo que ela procure auxílio de um profissional especializado.
Se é você quem tem o mau humor, fique atento às dicas:
1- Durante o dia, pratique “momentos diários” de relaxamento. Você pode tirar três minutinhos para fechar os olhos (não que seja obrigado, mas evita desviar do foco), inspirar e expirar profundamente e visualizar um lugar onde você se sinta seguro, tranquilo, calmo, ou seja, que lhe traga bem-estar;
2- À noite, prepare-se para o dia seguinte: reserve o traje que usará, organize bolsa, carteira, etc;
3- Antes de dormir, sente-se confortavelmente (melhor evitar fazer a atividade deitado, pois você pode dormir antes de concluí-la) e visualize o que e como fará na manhã seguinte. Por exemplo, se vai para o trabalho, visualize-se acordando no horário desejado, realizando as tarefas necessárias em tempo hábil e sentindo-se muito bem com isso;
4- Seja grato. Agradeça pelo dia que passou, pelas experiências e pela possibilidade de ter um novo dia para novas experiências. Programe-se para acordar com tempo suficiente para tomar banho, pois ele é relaxante e pode dar ao cérebro uma informação de grande valia, já que nos primeiros momentos do dia, o comportamento desse órgão é muito mais emocional que racional;
5- Pratique atividade física;
6- Exponha-se ao sol (com a moderação necessária);
7- Evite álcool e/ou drogas, por causa de seus efeitos nos neurotransmissores;
8- Supere o preconceito e procure auxílio do profissional de saúde. Você não precisa se acostumar a viver com o mau humor e aceitar todos os transtornos que ele lhe causa.
Instituído no Brasil pela igreja católica, este é um dia em que as famílias homenageiam seus mortos, quer seja com todo um ritual de limpeza de túmulos, velas, flores, etc., quer seja com preces, pensamentos direcionados, ou outras ações condizentes com a crença religiosa de cada sujeito.
Esse é um momento melancólico para muitos que retomam, com mais intensidade, as lembranças sobre o ente querido que se foi. Se o luto foi bem elaborado, as lembranças são saudáveis, pois se tornam fonte de contato com a realidade de uma vida que segue, apesar da saudade da pessoa que morreu, uma vez que esta, agora, ocupa um novo lugar neste contexto.
Mesmo sendo um processo natural, o luto é um período de ebulição de emoções e sentimentos, como a tristeza, necessidade de aprendizado e de ressignificação de uma vida que, a partir de então, sofrerá alterações. Toda perda pressupõe mudanças. Vale lembrar que estas, geralmente, transcendem as questões psicológicas envolvendo, ainda, fatores de ordem econômica e social. Esse, em si, deve ser um período egocêntrico, onde o enlutado tenha a oportunidade de reconhecer suas emoções e sentimentos, como tristeza, raiva, medo, etc., e, como dito anteriormente, adaptar-se à nova realidade.
Inicialmente, a negação é natural, algumas pessoas encontram, como recurso inicial, “fingir que nada aconteceu” e, somente após algum tempo, “cai na real”, percebendo que se faz necessário o enfrentamento da nova realidade.
O vínculo entre a pessoa que sofreu a perda e o morto é algo que particulariza ainda mais o luto, pois quanto maior a ligação entre ambos, maior a necessidade de se aprender a conviver com a falta, o vazio que, com o tempo, transforma-se em saudade. Tempo, esse, que pode ser o melhor amigo ou o pior inimigo do enlutado, a depender de como seja elaborado o significado dessa perda.
O meio e a crença do sujeito são fatores que influenciam no processo do luto. Seja qual for o recurso utilizado pelo enlutado para adaptar-se à nova realidade (“brigar com Deus” porque levou o ente querido cedo demais, apesar da idade; falar sobre o morto ou sua morte, com frequência; ou, mesmo, buscar conforto na religião e suas crenças, dentre outros), será válido se o faz superar os desafios dessa perda.
Antigamente, as famílias passavam um ano de luto, com inúmeras restrições. Hoje, por exemplo, uma mãe trabalhadora que perde um filho, ou um esposo, são dados apenas sete dias de afastamento por óbito de seu ente querido. Isso, sem falar no fato de que, se ela sai sem se maquiar, “precisa reagir” e, se sai maquiada, nem sentiu a morte do familiar.
De maneira antagônica, é possível observar que a sociedade contemporânea tem a tendência de querer expor felicidade e bem-estar. As pessoas “não podem” sentir tristeza, precisam superar os desafios e observar apenas o lado positivo dos fatos.
Pensar em avaliar as intempéries que terão que enfrentar, admitir que terão momentos difíceis de adaptação, ou reconhecer que estão machucados, nem pensar, porque a ordem é: Fique bem! Supere logo, você está em foco!
Acolher o que se sente, analisar os desafios e superar as dificuldades, reconhecendo-as, e aceitando que essa é uma fase de preparação para um novo começo, é importante para que seja findado, com sucesso, o período de luto, haja vista que, se mal elaborado, ele pode, depois de um tempo, causar depressão, ansiedade, síndrome do pânico, etc.
Assim sendo, seja no Dia de Finados, ou em qualquer outro dia do ano, o fato de homenagear seus mortos; de entrar em contato com eles, seja pela visita ao cemitério, ou pelo pensamento, e de dar a eles o seu lugar na vida pós luto, possibilita ao sujeito uma experiência que faz bem à sua saúde psicológica e, consequentemente, física, garantindo que este dia proporcione um contato sereno (emocionante, mas sereno) com o morto que vive no enlutado.