Amor fora da medida
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Ago 21, 2017
Amar é muito bom e faz bem à saúde. Isso todos nós sabemos. Mas amar em excesso, descontroladamente e de uma forma muito sofrida, é sinal de que algo não vai bem. Pessoas que têm esse tipo de comportamento excessivo e que mantêm relacionamentos dolorosos e destrutivos são mais comuns do que a gente pensa. E o problema não atinge só as mulheres. Os homens também são vítimas. Sejam homens ou mulheres, pessoas que amam demais têm baixa autoestima e sentimentos como raiva, rejeição e abandono.
“Mulheres que amam demais”, livro da americana Robin Norwood, é pioneiro e um dos mais vendidos no mundo sobre o tema. Ele é uma espécie de manual de sobrevivência para quem está em um relacionamento destrutivo, mas não se dá conta. A autora listas algumas características do comportamento das mulheres que amam demais. Entre elas está o fato dessas mulheres não sentirem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados nela. Outra característica é a necessidade desesperadora de controlar seus homens e seus relacionamentos.
No caso do homem que ama demais, a crença dele é que a mulher é sempre a vítima e tudo que acontece de errado no relacionamento ele se culpa. Ele quer tanto a aprovação dela que, mesmo sofrendo muito, abre mão de suas vontades para satisfazer as dela. Segundo a psicanalista brasileira Taty Ades, autora do livro Hades – Homens que Amam Demais, o homem que ama demais geralmente vem de um contexto familiar destrutivo e possui um relacionamento ou muito próximo ou muito ausente com a mãe. Os pais dele normalmente são alcoólatras e ele sofreu violência doméstica, tanto física quanto verbal.
De acordo com Shirley Moraes, psicanalista e diretora do NitidaMente Instituto, na experiência clínica é possível observar que as pessoas que amam demais manipulam, frequentemente, os seus amados através de comportamentos aparentemente protetores, fazendo com que estes se sintam culpados por não conseguirem "retribuir", à altura, esse amor. "Outra prática bastante comum é a tentativa de isolamento destes sujeitos idolatrados, pois assim a pessoa que ama demais pode passar a ser o centro das atenções e/ou a tábua de salvação daquele que lhe será eternamente grato por tanto amor e cuidado" destaca Shirley.
Esse padrão de codependência, ou seja, da falta de habilidade para manter e nutrir relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo, afeta muito o bem-estar e a vida de qualquer pessoa. Por isso, é preciso ficarmos atentos a alguns sinais. Relacionamos abaixo perguntas que foram elaboradas pelo CoDA - CoDependentes Anônimos (codabrasil.org.br) com o objetivo de ajudar as pessoas a buscarem identificar comportamentos destrutivos. Se você responder “sim” a mais de 4 perguntas, é recomendável procurar orientação de amigos ou de psicólogos ou psicanalistas. O CoDa é uma organização sem fins lucrativos que tem o propósito de desenvolver relacionamentos saudáveis.
Você se sente responsável por outra pessoa? Pelos seus sentimentos, pensamentos, necessidades, ações, escolhas, vontades, bem-estar e destino?
Você sente ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm problemas?
Você se flagra constantemente dizendo “sim” quando quer dizer “não”?
Você vive tentando agradar aos outros ao invés de agradar a si mesmo?
Você vive tentando provar aos outros que é bom o suficiente? Você tem medo de errar?
Você vive buscando desesperadamente amor e aprovação? Você se sente inadequado?
Você tolera abuso para não perder o amor de outras pessoas?
Você sente vergonha da sua própria vida?
Você tem a tendência de repetir relacionamentos destrutivos?
Você se sente aprisionado em um relacionamento? Você tem medo de ficar só?
Você tem medo de expressar suas emoções de maneira aberta, honesta e apropriada? Você acredita que se assim o fizer ninguém vai amá-lo?
O que você sente sobre mudar o seu comportamento? O que te impede de mudar?
Você ignora os seus problemas ou finge que as circunstâncias não são tão ruins?
Você vive ajudando as pessoas a viver? Acredita que elas não sabem viver sem você?
Tenta controlar eventos, situações e pessoas através da culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos, assegurando assim que as coisas aconteçam da maneira que você acha correta?
Você procura manter-se ocupado para não entrar em contato com a realidade?
Você sente que precisa fazer alguma coisa para sentir-se aceito e amado pelos outros?
Você tem dificuldade de identificar o que sente? Tem medo de entrar em contato com seus sentimentos como raiva, solidão e vergonha?